sábado, 5 de outubro de 2013

O que é Andragogia? E como utilizar esta ferramenta de mudança de paradigma.


A Andragogia, definida por Malcolm Knowles, no século XX, é uma ciência antiga que estuda a educação para adultos com a finalidade de buscar uma aprendizagem efetiva para o desenvolvimento de habilidades e conhecimento.  Knowles organizou suas ideias em torno da noção de que os adultos aprendem com mais facilidade em ambientes informais, confortáveis, flexíveis e sem ameaças.

A palavra “andragogia” vem do grego andros que significa adulto, e agogôs, que denota educar. Essa ciência tem por objetivo ajudar no desenvolvimento e possui características específicas.
Segundo Conrado Schlochauer, sócio-diretor do LAB SSJ, embora a educação para adultos tenha sido objeto de estudo durante séculos, e grandes personagens da História como Confúcio, Lao Tsé, Aristóteles, Sócrates, Platão e, até mesmo, os profetas hebreus e Jesus, tenham sido educadores, até pouco tempo, não existia uma teoria formada sobre as melhores maneiras de ensinar para este público.
“Na maioria das vezes, o que acontece é o uso da pedagogia, que é voltada para crianças e, por isso, o aprendizado não se consolida de forma eficaz. Temos a nossa disposição, hoje, uma teoria andragógica consistente que pode direcionar os esforços de ensino para que se transfiram em conhecimento real para os adultos e resultados para as organizações”, afirma Conrado.
Psicologicamente, nos tornamos amadurecidos quando passamos a ser responsáveis por nossa própria vida, assumindo cada vez mais responsabilidade pelas nossas decisões. Nesse sentido, o modelo andragógico presume que uma grande parte da responsabilidade do aprendizado é do próprio aluno, transformando o papel de professor em facilitador de aprendizagem.

Princípios da Andragogia

A Andragogia baseia-se em seis princípios fundamentais:
Necessidade: os adultos precisam saber porque necessitam aprender algo;
Autoconhecimento: os adultos precisam entender como podem ser independentes e alunos ao mesmo tempo. Por serem responsáveis pela sua vida, têm dificuldade em que outros lhe digam o que fazer;
Experiências: os adultos têm uma bagagem muito maior e mais variada de experiências, que acabam sendo a base do seu aprendizado, mas também podem acarretar em preconceitos e hábitos mentais que dificultam a aprendizagem;
Prontidão: os adultos têm prontidão de aprender as coisas que precisam saber para enfrentar as situações da vida real;
Orientação: a orientação da aprendizagem dos adultos é focada na vida, nos problemas que vivenciam;
Motivação: os adultos respondem melhor aos fatores motivacionais internos, como o desejo de ter maior satisfação no trabalho, autoestima e qualidade de vida, do que aos externos como melhores empregos, promoções e salários mais altos;
Para o indivíduo absorver as informações é necessário que ele tenha uma representação daquilo que está sendo lecionado – ele precisa sentir que está ganhando algo prático e real. Se ele não vê um ganho no que está investindo ou estudando, a aprendizagem andragógica não acontecerá, pois o adulto não compreende e não aceita positivamente aquilo que recebeu. “ Sendo assim, a aprendizagem acontecerá pelo contexto em que ele estará inserido”, afirma Luiz Fernando Garcia, especialista em psicodinâmica aplicada aos negócios.
Existem situações que se dividem em análogas e similares, que são pontes de aprendizado, onde na análoga o adulto filtrará o próprio conhecimento e aplicará em uma nova prática e na similaridade ele vai repetir uma situação que irá enfrentar. “Se o adulto enxergar dentro dessas duas situações uma possibilidade de aprendizado, o processo andragógico será eficaz”, explica Garcia.

Andragogia nas empresas e aplicada ao desenvolvimento humano

Os profissionais de desenvolvimento de pessoas devem avaliar cuidadosamente cada situação para definir se a Andragogia é aplicável ou não. “Em alguns casos, os adultos estão tão condicionados ao modelo convencional, baseado nos princípios unidirecionais de entrega de conteúdo, que acabam não sendo envolvidos pelo modelo”, reforça Conrado.
Nesse caso, convém utilizar o modelo convencional, pelo menos como ponto de partida para envolver os profissionais no processo educacional e, a partir daí, oferecer a eles os recursos necessários para que aprendam a assumir a responsabilidade pelo seu aprendizado e migrar pouco a pouco, para o modelo andragógico.
Já para Luiz Fernando, os profissionais de Recursos Humanos aplicam o método empiricamente, pois, quando um colaborador ingressa na corporação, irá diretamente encontrar colegas de trabalho modelados com a prática que será realizada pelo iniciante na empresa. “Portanto, a prática cotidiana já será vivencial, tornando a aprendizagem andragógica  possível”, explica Luiz Fernando.
Outro fator importante é que o profissional já tem um quadro de funções a serem desempenhadas dentro da organização, o que facilitará seu desempenho, pois ele já tem noção do que precisará realizar para garantir os resultados.
Para aplicar a Andragogia é preciso, além de conhecer os princípios fundamentais da aprendizagem de adultos, definir quais são os objetivos e propósitos da aprendizagem e seus resultados esperados.
Nos programas de desenvolvimento de pessoas, é preciso prestar atenção aos seguintes aspectos:
O preparo dos aprendizes: O processo deve começar com um preparo dos adultos para a participação do programa, fornecendo-lhes informações sobre o programa e o conteúdo e ajudando-os a construir expectativas realistas de aprendizagem.
O clima: Para ser propício à aprendizagem, o clima deve inspirar confiança, respeito e colaboração. A informalidade pode ser mais eficaz do que a formalidade nesse processo, pois facilita a troca de experiências.
Planejamento: No processo de ensino andragógico, o aluno tem responsabilidade no planejamento de seu aprendizado, assim como o seu instrutor.
Diagnóstico das necessidades: O que precisa ser aprendido é uma descoberta feita por aluno e instrutor, juntos.
Definição de objetivos: Os resultados da aprendizagem são definidos a partir de negociação e não impostos por uma das partes.
Desenho dos planos de aprendizagem: O conteúdo é pensado de acordo com a necessidade de conhecimento.
Atividades de aprendizagem: Segundo a Andragogia, as atividades devem se basear em técnicas experimentais.
Avaliação: Deve comtemplar a mensuração dos resultados obtidos com o programa e fazer um novo diagnóstico de necessidades.

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